Em uma demonstração de força e integração entre as forças de segurança, a Polícia Civil do Paraná (PCPR), através da 20ª Subdivisão Policial de Toledo, concluiu nesta terça-feira (22) a "Operação Hydra". A megaoperação, que teve início por volta das 5h da manhã, visou desmantelar uma complexa organização criminosa especializada em tráfico de drogas, com ramificações em sete cidades de dois estados.
A ação foi marcada pela colaboração efetiva entre a Polícia Civil, a Polícia Militar do Paraná (BPFRON, ROTAM, equipes de Curitiba) e a Guarda Municipal de Toledo. O Secretário de Segurança Pública do Paraná, Coronel Hudson Leôncio Teixeira, esteve presente na deflagração da operação, vindo de Curitiba para acompanhar de perto os trabalhos e atuar junto às equipes nos locais.
O Chefe da 20ª SDP, Delegado Alexandre Macorin de Lima, ressaltou a importância da integração entre as forças, destacando que essa colaboração, incentivada pela Secretaria de Segurança, é fundamental para o combate ao crime organizado. "Essa operação contou com 150 policiais nos últimos meses, com a colaboração efetiva do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil de Toledo, a inteligência do BPFROM, os levantamentos foram realizados", afirmou Macorin.
Números expressivos e ramificações da quadrilha
A Operação Hydra desvendou um esquema que movimentou aproximadamente R$ 4,5 milhões nos últimos meses. Durante o período de investigação, foram apreendidos 600 gramas de cocaína, 1 tonelada de maconha e 500 gramas de crack.
Nesta terça-feira, foram cumpridos 29 mandados de prisão: 28 relativos à organização criminosa investigada na Operação Hydra e um de um homicida foragido, encontrado em uma das residências alvo. No total, o Poder Judiciário expediu 65 mandados judiciais.
O Delegado Adjunto, Rodrigo Baptista Santos, explicou que a operação se estendeu por diversas cidades devido à complexidade da rede. "As ordens judiciais foram de várias cidades. O principal, sem dúvida, Marechal Cândido Rondon, envolvendo mais de 20 alvos. Alvos em Cascavel, alvos em Toledo [quatro alvos e prisões], Foz do Iguaçu, Santa Catarina, Guarapuava, Ponta Grossa", detalhou. Segundo ele, alguns membros já haviam sido presos em outras situações de tráfico nessas localidades, o que expandiu o alcance da investigação.
Estrutura da organização criminosa e rota das drogas
A organização criminosa, conforme a Polícia Civil, possuía uma estrutura bem definida, com um núcleo responsável por encabeçar o esquema, contar com seguranças e utilizar contas para lavagem de dinheiro, que movimentaram os R$ 4,3 milhões identificados. Na base da pirâmide, estavam as "biqueiras", responsáveis pela venda direta ao consumidor final, que foram o principal alvo das prisões de hoje. Todas as cinco pessoas identificadas no núcleo da organização foram presas.
O principal chefe da quadrilha, de onde a situação se iniciou, trazia as drogas do Paraguai, principalmente via Marechal Cândido Rondon, que funcionava como ponto central de distribuição. De lá, as drogas eram distribuídas para as "biqueiras" e também enviadas para outras cidades do Paraná e estados como São Paulo, Santa Catarina e Ponta Grossa. Um dos líderes foi preso em Irati com mais de uma tonelada de maconha.
O Coronel da PMPR e o Delegado Rodrigo Baptista reforçaram que a entrada das drogas no Brasil ocorria principalmente pelas margens de rios na fronteira, onde depósitos, muitas vezes no meio do mato em portos clandestinos, armazenavam grandes fardos. De lá, veículos carregavam e distribuíam para outros locais. A fronteira, segundo o Coronel Divonsir, tornou-se uma "muralha" graças à atuação do BPFRON, que só neste ano já apreendeu mais de 110 toneladas de droga na região.
Tecnologia e continuidade das investigações
A Polícia também tem utilizado tecnologia avançada, como o helicóptero com câmera térmica (projeto Falcão), baseado em Cascavel. "Quando temos uma ação em que há um indivíduo que se evade das equipes, que é muito comum, grandes cargas entorpecentes em veículos, se invadirem para a região de mata, o motorista abandona o veículo e se evade para o Matagal. Então, imediatamente, acionamos o Falcão 13. Em poucos minutos ele vem e é uma outra dinâmica. Com essa tecnologia embarcada, com essa visão macro da região, temos obtido excelentes resultados", comentou o Coronel.
Apesar do sucesso da Operação Hydra, as investigações continuam, pois, segundo o Delegado Rodrigo, a organização criminosa é ainda maior do que a alcançada na ação de hoje.
Os mandados foram cumpridos sem maiores alterações ou resistências por parte dos alvos.
Da Redação