O Paraná enfrenta uma das maiores crises climáticas dos últimos anos, com impactos severos sobre o sistema elétrico estadual. Um ciclone extratropical, acompanhado por uma sequência de tempestades e ventos de até 120 km/h, causou estragos em praticamente todas as regiões paranaenses entre os dias 21 e 22 de setembro — os últimos da estação de inverno. Desde então, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) atua de forma ininterrupta para restabelecer o fornecimento de energia elétrica, já tendo ultrapassado a marca de 11,4 mil serviços de religação.
A força dos ventos e o volume de chuva fizeram com que, em apenas dois dias, dez estações meteorológicas do Simepar registrassem o total esperado de chuva para o mês inteiro. Em doze cidades, as rajadas ultrapassaram os 100 km/h. Em Santa Maria do Oeste, a situação foi ainda mais extrema: um tornado classificado como F1 na escala Fujita destruiu casas, plantações e deixou moradores sem luz e água por mais de 24 horas.
Estrutura danificada em todo o estado
Os danos à infraestrutura elétrica são extensos. Somente em Bandeirantes, no Norte do estado, duas torres de alta tensão caíram com os ventos. Em todo o Paraná, 322 postes foram destruídos, a maioria devido à queda de árvores. Em Curitiba, o número de árvores derrubadas chegou a 20.
No auge da crise, às 7h da manhã de segunda-feira (23), mais de 1,1 milhão de domicílios estavam sem energia. Graças ao esforço de 2,7 mil eletricistas, apoiados por técnicos e operadores da Copel, esse número caiu para 30 mil até a tarde de terça-feira (24). A distribuição das unidades ainda afetadas mostra a extensão da crise:
Contingência em ação
A Copel mantém em execução um plano de contingência que prioriza a religação de serviços essenciais, como hospitais e unidades de saúde, além de ocorrências com risco à vida e regiões com grande concentração de consumidores.
Apesar dos desafios logísticos — já que todas as regiões do estado foram atingidas simultaneamente, dificultando o deslocamento de equipes —, a empresa afirma que o trabalho seguirá até que o último consumidor tenha o fornecimento restabelecido.
A companhia também destaca os investimentos em tecnologia e monitoramento climático, que vêm sendo intensificados para enfrentar eventos extremos, cada vez mais comuns. Ferramentas de previsão meteorológica e hidrológica estão sendo usadas para orientar e antecipar ações em campo, aumentando a eficiência no enfrentamento de catástrofes naturais.
Santa Maria do Oeste: epicentro do desastre
O município de Santa Maria do Oeste, na região central do estado, foi um dos mais atingidos. O Simepar confirmou que o fenômeno que devastou a cidade foi um tornado de categoria F1, com ventos estimados em até 120 km/h. De acordo com o prefeito Oscar Delgado, os danos são extensos e já estão sendo catalogados para decretar situação de emergência.
“Nossa equipe fez um mutirão para levantar o número de famílias afetadas e os prejuízos. Muitas casas foram destelhadas, e a zona rural foi muito impactada”, relatou o prefeito.
Desafio continua
Mesmo com milhares de atendimentos já realizados, o trabalho da Copel está longe de terminar. As equipes seguem atuando em regime de urgência, e a empresa reforça o compromisso de manter a população informada e protegida, enquanto trabalha para reconstruir a estrutura elétrica do estado.
Diante da força da natureza, o episódio deixa um alerta: eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes, e a preparação técnica, o investimento em infraestrutura e o apoio emergencial serão cada vez mais decisivos para proteger a população e garantir serviços essenciais.
Portal Sou Agro